Esse
texto poderia ter uma infinidade de títulos simples e curtos, mas
resolvi colocar um título pomposo e que chamasse atenção. É uma
forma de tentar atrair mais gente para uma reflexão. O que estamos
fazendo em nome de nosso direito?
O
motivador para eu querer me expressar e chamar para essa reflexão
foi uma cena que eu vivenciei, não presenciei ou me contaram.
Aconteceu comigo, no último sábado (dia 30/03/2013), quando cheguei
no Jardim Japonês, espaço dentro do Jardim Botânico que uso como
ponto de encontro quando vou realizar alguma atividade com os amigos
do RioFotográfico. Programei a Saída Orientada de básico de uso de
flash, para nos encontrarmos nesse local. Para mim, o Jardim Botânico é o local mais agradável e onde me sinto mais acolhido para fotografar com segurança e
tranquilidade, sem impedimentos além do que o bom senso (essa é a
palavra de ordem nesse texto) nos alerta.
Logo
que cheguei no local – o Jardim Japonês – coloquei minha mochila
num banco, abri meu tripé e montei a câmera, que estava guardada
até esse momento. Logo que fiz isso, um segurança contratado do
Jardim Botânico, se aproximou e me alertou para não pisar nos
gramados e só utilizar as áreas de caminho demarcadas. Ele foi
muito educado e cortês, como sempre são. Eu respondi da mesma
forma, com cordialidade e concordância à advertência preventiva.
Ele se retirou e eu continuei o que estava fazendo, pois não estava
fazendo nada de errado.
Logo
depois, tive um sentimento de revolta por ter sido chamado a atenção
de forma preventiva, como se fosse certo que eu pisaria no gramado e
faria mau uso do espaço público. Esse sentimento logo mudou e
passou para uma reflexão sobre quais os motivos desse aviso
preventivo.
Podemos
pensar em inúmeros motivos para essa atitude do segurança. A pior
delas, que já descartei (vocês vão entender), é a necessidade dele
mostrar autoridade.
O que
pode levar essa atitude preventiva tomada pelo segurança?
- Foi
instruído para fazê-lo e está seguindo as instruções;
- Teve
a iniciativa de fazer por conta própria.
Independente
desse motivador imediato. O que pode levar uma pessoa, seja a administração
instruindo a equipe ou um indivíduo agindo sozinho, a fazer uma
advertência preventiva, como se fosse regra que eu (ou qualquer outro) iria desrespeitar
o uso do espaço e pisar no gramado e fora das áreas delimitadas de
movimentação?
Essa
ação preventiva, não é um abuso de poder do gestor ou do agente
de ordem contratado pelo gestor do espaço. Essa ação preventiva é
tomada por ser comum o desrespeito as regras. Fui chamado atenção
preventivamente, não por EU costumar fazer algo que não se deve, mas
por causa de TODAS as pessoas que o fazem. A chamada de atenção não foi para mim, foi para uma ação comum.
Qual o
motivo do segurança ter vindo a mim e não às outras pessoas que
estavam no mesmo local ou ter falado para todos de forma mais ampla? Eu estava com a
câmera grande e, provavelmente, é mais comum termos
fotógrafos com câmeras grandes e outros equipamentos desrespeitando
os limites de circulação de pessoas, pisando no gramado ou
colocando seus clientes para posar no espaço onde não se deveria
pisar.
Finalmente
chego no ponto que quero chamar a atenção dos amigos fotógrafos, estou chamando a minha atenção também.
O
Jardim Botânico é um dos poucos locais em que temos grande
liberdade para fotografar, levar nossos clientes para fazer ensaios
com muito equipamento e ocupando espaço, mesmo durante o final de
semana, sem ter que pedir uma autorização formal antes. Alguns
locais já limitam esse tipo de uso fora dos finais de semana, outros
estão proibindo independente o dia.
Acontece
que, sempre vejo fotógrafos de câmera grande, fazendo mau uso e
desrespeitando as regras do local. Esse é o motivo de um segurança
patrimonial fazer uma advertência preventiva.
Se
continuarmos desrespeitando o que estamos cansados de saber,
acabaremos por perder o direito de usar o espaço que tanto gostamos.
Então,
antes que isso aconteça, vamos ser mais conscientes e não fazer mau
uso do espaço. Vamos respeitar as áreas delimitadas para
circulação, vamos mostrar que obedecemos às regras e cuidamos para
que elas sejam obedecidas. Essa é uma forma de mostrar que merecemos
o direito de continuar usando o espaço, seja para nossa arte ou para
nosso trabalho.
Com
certeza a debutante ficaria muito mais bonita deitada no gramado, mas
façamos a foto com ela sentada ou recostada no banco a borda do
gramado. Quando estivermos num local onde não podemos fazer uso de
caminhar no gramado (se todos caminharem no gramado ele vai deixar de
existir), vamos obedecer essa proibição. Façam a foto da debutante
no gramado da casa dela ou num parque onde esse uso seja permitido.
Posso
até ouvir argumentos do tipo “eu estava numa parte sem grama”,
mas se continuamos a usar essa parte degradada ela acabará não
conseguindo ser recuperada.
É
melhor refletir e passar a agir de forma correta antes que TODOS
percamos. Se ocorrer da administração do Jardim Botânico passar a
proibir o uso do espaço para que fotógrafos “de câmera grande”
fotografem ou façam seus ensaios lá, todos perderemos. Não
adiantará, depois, bradar nas redes sociais que é um abuso proibir
que se faça um ensaio lá.
Estamos
abusando e fazendo mau uso do espaço agora. Não vejo ninguém
parando para pensar.
Já vi
o mesmo fotógrafo ser chamado atenção várias vezes no mesmo dia
por seguranças diversos. Já ví, até, o mesmo fotógrafo ser
chamado a atenção no mesmo lugar, em dias diferentes, fazendo a
mesma coisa.
O
segurança patrimonial, não chamou minha atenção preventivamente por excesso de zelo da parte dele. Ele o fez como uma ação para que eu não faça
algo que ele deve ver com muita frequência – fotógrafo com câmera
grande desrespeitando as normas de utilização do parque.
Vamos
refletir!
Flávio
RB
_
OBS. 1: Podem
compartilhar e republicar esse texto na íntegra ou adaptado. Se
quiserem citem a minha autoria e coloquem um link para essa
publicação no meu blog.
OBS. 2: Não tenho como moderar comentários seletivamente para essa postagem. Respeitarei o seu direito de opiniao, mas não façam ofensas e fujam do tema do tópico. Comentários podem ser removidos. quer comentar sem eu poder remover, eu disse que pode copiar minha postagem, copie e faça seu comentário fora daqui se desejar. Se colocar um link aqui ele será mantido, mesmo que eu não concorde com o que está sendo discutido na outra postagem.
Flávio, muito chato isso, porém, necessário. Não deveria ser a regra e sim a excessão. Infelizmente, o povo brasileiro na grande maioria não tem educação, o quê difere de ter sido mal educado.
ResponderExcluirEu sempre procurei orientar meus filhos a cumprirem regras, serem obedientes às leis e aos mais velhos. Aprendi assim com meu pai e passo para eles até hoje. Entretanto, percebemos que a maioria não está nem aí para regras, vide o "fotógrafo" que você citou.
Percebo em você sensibilidade e bom senso, mesmo sendo advertido preventivamente manteve a serenidade e o equilibrio.
Foi além, resolveu escrever o que vivenciou e nos levar à reflexão.
Falta respeito por parte da população, a maioria quer levar vantagem em tudo.
Agradeço por compartilhar este texto.
Abraço.
Andrade do RioFotográfico.
Muito obrigado pela participação e comentários meu amigo.
ExcluirMantive a serenidade, mas inicialmente fiquei meio "P", depois é que refleti sobre o que pode estar acontecendo.
Grande Flávio,
ResponderExcluirSenti que era exatamente comigo que você estava falando.
Estivemos no JB meses atrás. Mesmo não tendo "câmera grande", fiquei tão maravilhado com tanta beleza que, procurando um enquadramento melhor, adentrei na grama. POR SORTE chamaram minha atenção (e passei a me policiar daí em diante).
Você vive o JB semanalmente, tá cansado de ver abusos dos que o frequentam e de ser alertado. Foi minha primeira vez, e não me importaria que me alertassem ANTES do meu erro. Na semana passada o segurança, na dúvida, preferiu avisar quem poderia já conhecer (e seguir) as regras ao invés de não avisar quem está indo pela primeira vez. Ele não tinha como saber, então preferiu se repetir. Ao invés de ficar chateado com o segurança, deveríamos lhe agradecer por cuidar do local e ter que ficar se repetindo diariamente para que desavisados e abusados preservem o parque.
Do nosso lado, visitantes, temos SIM que nos preocupar em respeitar um espaço público, mesmo que estejamos sem câmera nenhuma. Os locais públicos são NOSSOS, se não cuidarmos ficaremos sem. Pela quantidade de pessoas que visitam o JB, atos como "levar uma lembrancinha" ou "só uns passos na grama" serão multiplicados por milhares diariamente. Não sobraria nada em breve.
Tendo bom-senso e respeito sempre teremos belos o JB e outros locais.
É por aí. Por desconhecimento ou distração vai, mas alguém que está lá toda semana, quem sabe todos os dias, ficar fazendo algo que não pode.
ExcluirFoi só por um momento que eu tive indignação quando a ser chamado atenção preventivamente, depois caiu a ficha de que ele está prevenindo um comportamento comum.
caro amigo
ResponderExcluiresta semana fui almoçar no jardim botanico de sampa e tinham 2
fotografas profissionais estrangeiras pisando na grama e fotografando à vontade. vc sabe que as vezes precisamos fazer uma
pequena contravençao para pegar um angulo ou uma determinada luz.
é ou não é?nada grave comparado aos desmandos dos nossos politicos que envergonharam até o tiririca.
Caro anônimo, preferia que se identificasse.
ExcluirNÃO, não temos que fazer uma contravenção ou violação de regulamentos para conseguir uma foto. Isso é um pensamento egoísta e que é usado como argumento para os que acabam por proibir fotografar em determinados lugares.
Toda semana vejo de 15 a 20 fotógrafos fazendo ensaios no Jardim Botânico do Rio. Imagina se cada um deles e mais os milhares de visitantes por semana fizerem o mesmo? Vai acabar não tendo mais gramado, concorda?
Se seguir em exemplo de políticos ruins não vai melhorar nossa sociedade.
E o Deputado Federal Francisco Everardo Oliveira Silva (Tiririca) parece ter muito mais consciência política que muitas pessoas que eu vejo comentando sob o anonimato. Realmente ele se sente envergonhado por alguns outros Deputados (tem uma entrevista dele falando sobre isso).
Mais uma vez voce se supera em seu ponto de vista, meu querido Flavio. É gratificante ler suas reflexões. Infelizmente, este é um País para poucos e ainda veremos gente incentivando uma transgressãzinha com o pobre argumento que os políticos também são assim. Mas aí vem a grande pergunta: Quem coloca os políticos lá?
ResponderExcluirEnquanto isso não mudar, seremos admoestados por seguranças nos lembrando preventivamente que temos que ter civilidade para usar bem o espaço público. Se fossemos um povo educado...
Grande Marco.
ExcluirBoas palavras.
Acabei de perceber que o lembrete preventivo que o segurança fez a minha pessoa é semelhante ao que meus pais faziam comigo quando criança.
Ele (o segurança) estava tendo comigo um comportamento de um pai a educar o filho, coisa que estamos tendo falta e muito na nossa sociedade. Tem muita gente (família) que pensa que esse papel é da escola, mas a escola é para informar não para educar, a educação mais básica deve vir de casa.
Oi Flávio,
ResponderExcluirNeste dia eu e minha esposa e parceira de fotografia estávamos com você no encontro. Ao ouvir o aviso do segurança patrimonial não ficamos impressionados. Digo isso porque, fazemos muitos ensaios no Bosque da Barra e inclusive a algum tempo esses mesmos avisos eram dados por lá. Acontece que de um tempo pra cá a visitação neste local por parte daqueles com "máquina grande" ficou proibida aos finais de semana.
Por que será?
Sempre notamos muitas pessoas ultrapassando os limites deste parque que é uma reserva ambiental, principalmente os "profissionais" de imagem. E olha que no Bosque é permitido pisar na grama.
Com o grande crescimento do mercado de fotografia, venda de máquinas e aumento crescente em cursos, muitos "novos fotógrafos' acabam por avançar os limites impostos.
Outro ponto que não vai demorar para ser visto por aqui: Eu já li por diversas vezes que em vários locais públicos nos EUA, não só é necessário autorização para fotografar profissionalmente como também é exigido uma taxa para manutenção do patrimônio. Parece absurdo mas é a realidade por lá.
Se continuar o desrespeito já já começaremos a ver tais práticas por aqui.
Abs
Leonardo
Olá Leonardo.
ExcluirMuito bom o seu comentário.
Eu não creio que a "ultrapassagem dos limites" sejam só culpa dos "novos fotógrafos" pelo menos vejo antigos fazendo coisas muito ruins dentro do JB. Acontece que com o aumento considerável de fotógrafos temos mais gente fazendo essas coisas.
Em relação a ter autorização para fazer uso privado do espaço público acho o mais natural, vivem em sociedade é saber respeitar o espaço do outro, num comentário sobre esse texto no facebook, comentei sobre a barraca de praia (aquelas tendas) delimitando uma área para uso privativo.
A questão de pagar para usar e manter a conservação, acho natural e faria com prazer é claro que esse custo estaria descrito no orçamento e eu não colocaria lucro sobre ele, seria um repasse de custos. Principalmente quando a pessoa desejasse aquele local. Se a sugestão fosse minha para irmos naquele local em vez do jardim da casa da pessoa eu deveria absorver (todo ou parcialmente) esse custo.
O que podemos fazer nós os fotógrafos cuidadosos para evitar que se alastre ainda mais a onda de restrições desnecessárias?
ResponderExcluirDigo isso porque zelar pelo espaço público já é uma tarefa delicada para o gestor, e isso pode levá-lo a certos exageros com viés de discriminação. Eu me vejo discriminado por ser abordado de forma diferente dos outros portadores de câmera só porque a minha é grande.
De outro lado, entendo que se a maioria das pessoas que transgridem a regra são portadores de equipamento volumoso, o controle seletivo se torna facilitado pelos gestores e seus representantes (guardas).
Finalmente, não há nada que possamos fazer institucionalmente para tornar mais civilizada essa relação? Será que um contato de nossas associações com as autoridades não criaria um canal mais direto?
Explico: Se uma associação ou várias associações de fotografia entrassem em contato com gestores de áreas públicas se comprometendo a disciplinar seus membros/fotógrafos em prol da tranquilidade de ambas as partes e de um compromisso prévio durante o uso dos espaços que tipo de relacionamento saudável não surgiria?
Eu tenho um quintal e ficaria contente em vê-lo bem retratado por alguém cuja entidade de origem eu reconheço como capaz e de boa índole disciplinar.
Falou muito bem João Luiz.
ExcluirEsse texto meu pode ser um inicio desse tipo de atitude. De quantas associações somos afiliados? Eu sou do RioFotográfico e, a parti de abril (ainda não recebi o boleto para pagamento), da Associação Brasileira de Arte Fotográfica (ABAF).
Creio que as associações que congregam fotógrafos tenham a obrigação de se unir e trazer esse tema a discussão. Pretendo levar isso mais profundamente dentro do RioFotográfico (onde estou presidente) e da ABAF como associado. Depois tentar levar para a Confoto.
Temos que lembrar que a maioria das associações de fotografia não são entidades de representação profissional de forma que é preciso que sindicatos relacionados aos profissionais de fotografia também façam a sua parte.
Além disso, não adianta uma associação na pessoa de seus representantes se reunirem com a administração de um parque levando essa questão se os seus membros não começarem a respeitar as regras do local.
Acho que isso já dá margem para um outro texto.
Caro Flávio,
ResponderExcluirConcordo totalmente com o seu texto. Também já me senti constrangida por um guarda ter chamado a minha atenção no Jardim Botânico de forma preventiva, mas entendi perfeitamente a necessidade de prevenção ao observar o comportamento de uma grande parte das pessoas que circulam por lá. O pior é que o problema não é causado somente por alguns fotógrafos. Já vi, por exemplo, pessoas alimentando animais com batatas fritas e outros tipos de besteiras, já vi um turista espanhol arrancar um galho de árvore somente para fazer uma brincadeira com a esposa, pessoas comendo restos de jaca deixados pelos primatas que por sinal podem causar doenças graves no ser humano e no domingo passado eu vi o que pra mim foi o "fim da picada": Uma mulher acompanhada de um homem e uma criança tentando fazer uma experiência explosiva com ‘Sonrisal’ no meio de um jardim abaixo de diversas árvores! Quando o guarda chegou ela já estava ascendendo o fósforo!!! A mulher ainda saiu exaltada e indignada dizendo que era para um trabalho de escola do garoto. O guarda tentou desabafar comigo dizendo que as pessoas não entendem que ali é um Jardim Botânico, ou seja, um lugar de pesquisa e não um parque de diversões onde você pode pisar na grama para encostar, por exemplo, em uma árvore de mais de cem anos de idade. Eu já perdi diversas fotos por não querer pisar na grama e acabar causando algum dano ou incômodo aos animais e vegetais que ali vivem. Não é porque pagamos pela entrada e porque nos é permitido fotografar livremente, que podemos considerar o espaço como de uso exclusivo nosso. É preciso ter consciência e respeito acima de qualquer interesse individual.
Abraço!
Muito boa a sua colocação. Obrigado por comentar e contribuir com o conteúdo.
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