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Esse texto foi revisado e publicado novamente no novo espaço:
- Praticar fotografia fingindo que está usando filme
Recentemente li um ótimo texto, cujo título é “Porque é que a fotografia analógica está na moda?”, em que o autor (quero muito conversar – trocar e-mail – contigo, Ricardo) lança ótimos argumentos (concordo com quase todos e mesmo os que não concordo completamente, acho muito válidos).
Esse texto foi revisado e publicado novamente no novo espaço:
- Praticar fotografia fingindo que está usando filme
Recentemente li um ótimo texto, cujo título é “Porque é que a fotografia analógica está na moda?”, em que o autor (quero muito conversar – trocar e-mail – contigo, Ricardo) lança ótimos argumentos (concordo com quase todos e mesmo os que não concordo completamente, acho muito válidos).
Mas,
o objetivo aqui não é criar uma conversa pública com o Ricardo
(sugiro a leitura do texto dele). O objetivo desse texto é dizer
como podemos melhorar nosso conhecimento técnico e, também,
melhorar nossa observação do mundo necessária para fazer uma
fotografia sem, necessariamente, precisar utilizar uma câmera
analógica (de filme) para isso.
Reparem
que acho válido que se experimente fotografar com filme e tenha
contato com o aprendizado de todo o processo, incluindo revelação e
ampliação em papel (principalmente para o preto e branco). Mas esse
não é o ponto aqui nesse texto e voltarei a isso em outra
oportunidade.
O
ponto que a que desejo chegar é: se você já tem uma câmera
digital que permite controle manual da exposição, você não
precisa, necessariamente, comprar uma câmera analógica e mais
objetivas, ir comprar filme (no Brasil pode ser complicado) e, depois
de expor seu filme, conseguir um laboratório para revelar e entregar
a digitalização dos negativos para você trabalhar no computador.
A
fotografia analógica nos limitava a alguns rolos de filme e a não
ter como ver o resultado imediatamente numa tela. Se é somente isso
que te interessa, pode-se muito bem fazer um compromisso consigo
mesmo e limitar o número de disparos que fará e, desativando o
mostrar a foto, não olhar o resultado na hora (deixar para ver em
casa, quando retornar).
Com
esse cuidado e compromisso pessoal é possível começar a pensar
mais no processo de medição de luz (regular a exposição) e no que
se deseja fotografar 9pensar a composição) já no momento de fazer
a fotografia. A fotografia, feita dessa forma, passa a ser algo
pensado e lento, deixando de ser uma sucessão de tentativas para se
escolher uma das (muitas) fotos feitas.
Então
basta eu não olhar o resultado e usar o modo manual de regulagem da
exposição para começar a ter mais consciência do que estou
fazendo para fotografar? Eu penso que sim. Uma limitação, seja
imposta pelo meio ou seja auto imposta, pode fazer com que passemos a
pensar mais em como fazemos uma atividade.
Agora
umas sugestões para se praticar essa forma “velha” de fazer
fotografia que, certamente, não será usada quando estiver em algum
trabalho encomendado por alguém (seja um ensaio, uma festa, pauta
para o jornal/revista ou registros para uma publicação).
Agora,
o que eu faço quando estou exercitando a fotografia dessa
forma? “Fingindo que estou usando filme”.
Fotografe
em RAW+JPEG
Se
sua câmera permite (todas as DSLR permitem) configura para fazer as
fotos nos dois formatos de arquivos (para cada foto teremos dois
arquivos o RAW e o JPEG).
A
maioria dos fotógrafos profissionais (eu recomendo que o faça)
fotografam em RAW (somete RAW sem o JPEG gerado pela câmera), pois
teremos tudo o que a câmera pode entregar disponível para se tratar
a imagem e ter o resultado final (a saída para impressão, por
exemplo) com a melhora qualidade possível.
Muitos
fotógrafos não profissionais (sou amador com muito orgulho) também
usam somente RAW e tratam as fotos para gerar a saída que desejam.
Peço
que fotografe em RAW+JPEG para que se tenha já um arquivo JPEG que
poderá ser visto sem realização de tratamento fora das
configurações que se pode obter pelo software da câmera.
A
menos que você já tenha um “preset” de tratamento do RAW
que usa no seu fluxo de trabalho, usar o JPEG configurado da câmera
pode tornar o “fingir que estou usando filme” mais “realista”.
Posso
fotografar somente em JPEG? Pode sim, mas se é uma pessoa que
costuma fotografar em RAW e sabe o que está fazendo, pode desejar
preservar a possibilidade de fazer sua edição se acontecer de ter
uma foto que goste muito. Ter o arquivo RAW disponível permite mais
poder de controle para gerar uma saída final ao seu gosto.
Não
vou me alongar muito na questão de RAW e JPEG, recomendo a leitura
dos textos do Ivan de Almeida no “ABC da fotografia RAW”,
pena que os textos estão sem as imagens ilustrativas.
Se
costuma usar RAW, faça sua foto pensando em RAW não em JPEG. Mesmo
fotografando em RAW+JPEG para essa proposta de aprendizado.
Configurando
o JPEG na câmera
Alguns
pontos importantes para se configurar o JPEG na câmera e se ter
resultados interessantes (fotos razoavelmente bem tratadas para se
postar na Internet e até fazer impressão no tamanho 30x45 cm – já
consegui 40x60 cm e até maior com o JPEG “saído da câmera”) e
importantes para a brincadeira de se fazer fotos “fingindo que
estou usando filme”, principalmente por se estar usando a exposição
manual (modo “M”) na câmera, para esse brincadeira.
Fixe
o ISO.
Isso
mesmo, escolha o ISO que vai fazer as fotos (se não for na
brincadeira de fingindo fotografar com filme, pode modificar o ISO
para cada foto).
Escolha
o ISO adequado para a quantidade de luz que se tem na cena e que não
irá gerar ruído. Em dias de sol, o meu costuma ficar em 200, pois
uso uma otimização de altas luzes (explicado mais abaixo).
Quando
se fotografa no modo M e não no prioridade de abertura, deixar o ISO
no automático vai fazer você ter problemas de ajustar a exposição
desejada, pois sua câmera vai poder alterar o ISO para deixar a
exposição no meio. Assim, mesmo em uma seja highkey ou lowkey,
tenderá a ter a exposição “corrigida” para o meio.
Algumas
câmeras (a Canon G1x, por exemplo) não permitem deixar o ISO no
automático quando se está no modo de regulagem de exposição
manual (modo M).
O
ISO automático, só faz sentido para modos de prioridade de tempo ou
abertura, onde regulamos o tempo ou a abertura desejada e informamos
para a câmera a compensação de exposição desejada.
Defina
o Equilíbrio de Brancos.
Todo
filme fotográfico em cores (sim, equilíbrio de branco só faz
sentido em fotografia colorida, mesmo no digital) é produzido para
um certo tipo de iluminação (temperatura de cor).
Então,
se está brincado de fotografar como se fosse filme, defina o
equilíbrio de brancos para o que seria o tipo de filme a ser usado.
Normalmente
fazemos essa brincadeira em dias de sol ao ar livre, assim o modo de
configuração que tem o desenho de um sol será interessante. Esse
modo de equilíbrio de branco é bem compatível para o que é o
equilíbrio de branco da maioria dos filmes em cores, os filmes do
tipo sunlight (luz do sol).
É
claro que se estiver um dia nublado, pode usar o modo de equilíbrio
de branco para nublado, mas pode ter surpresas ao usar esse modo em
dias nublados e fotografando em ambiente de sombras de vegetação,
obtendo fotos com tom bem esverdeado (experimente e veja se não é
melhor usar o daylight, mesmo quando nublado).
Eu
costumo não usar o modo automático de equilíbrio de brancos quase
nunca e prefiro o modo sunlight em vez do nublado, quando está
nublado, principalmente quando estou em ambiente com muita vegetação.
O modo nublado deixo para quando é entardecer e quero o meu JPEG bem
alaranjado.
Quem
fotografa em RAW, sempre pode acertar o equilíbrio de branco depois,
no pós processamento, sem problema algum.
Pois,
o equilíbrio de branco é uma alteração na forma de processar o
que o sensor capturou. Se é um sensor do tipo Matriz de Bayer,
ajustar o equilíbrio de branco é acertar parâmetros na
Interpolação de Bayer (veja os textos do Ivan de Almeida que estão
citados acima).
Mas,
como já disse, para a brincadeira de fingir o uso de filme, é legal
fotografar em JPEG e especificar o equilíbrio de branco.
Ajuste
o Picture Style (Canon) ou o Picutre
Control (Nikon)
Esse
é outro ajuste que se faz na câmera para se processar a saída em
JPEG. Quando se fotografa só em RAW, esses ajustes não fazem nada
além de deixar metainformações que o programa de tratamento do RAW
poderia utilizar (na pártica nenhum, salvo os softwares que
acompanham a câmera, utilizam).
Se
você não usa Canon nem Nikon, pode estar se perguntando “minha
câmera tem isso?”. Tenho certeza que sua câmera tem, dê uma lida
no manual.
Eu
uso Canon e as DSLR da Canon tem um botão específico e dedicado
para se escolher e configurar o Picture Style. Nas DSLR da Nikon tem
que entrar nos menus de opções e encontrar.
As
compactas Canon, infelizmente, tem controles mais limitados que o
Picture Style e, mesmo as que tem opção de RAW, não oferecem poder
fazer RAW+JPEG controlando esse tipo de ajuste (o JPEG não pode ser
configurado mesmo que limitadamente quando se fotografar em
RAW+JPEG).
Esse
ajuste refinado de como o seu JPEG vai sair da câmera, pode ser
comparado a se ter um preset de tratamento no software que usa para
tratar o seu RAW no computador, exceto que é feito dentro da câmera
pelo software que foi produzido pelo (ou para o) fabricante da sua
câmera.
Existem
alguns livros que ensinam a configurar de forma que o seu JPEG tenha
a aparência de uma fotografia feita com algum tipo de filme.
Principalmente no que diz respeito as cores.
É
nessa opção de ajustes que se pode escolher para que a sua
fotografia seja “processada” pelo software da câmera para
entregar um JPEG em preto e branco. Tendo ajustes de como esse preto
e branco será processado, inclusive simulando filtros de cores (se
coloca na frente da lente quando se usa filme PB) ou efeitos de
tonalizações (as chamadas viragens dos processos de laboratório de
ampliações em papel de fotografias monocromáticas).
Ative
algum modo de otimização para altas luzes
Nas
DSLR da Nikon (olhei o manual da D7000) temos a opção D-Lighting e
nas da Canon (olhei o manual da 7D) temos as opções Auto Lighting
Optimizer (creio ser o relacionado ao D-Lighting da Nikon) e o
D-Light (otimizador de Tom para altas luzes), que altera o menor ISO
para 200 (por isso uso ISO 200 normalmente quando em ambientes de
muita luz) e reduz os estouros das altas luzes (tudo o que está
acima dos tons de cinza médio estará menos em destaque no JPEG).
Essas
configurações evitam que as altas luzes fiquem (dentro de certos
limites) estouradas na saída em JPEG, permitindo que se exponha mais
para a direita preservando os detalhes nas sombras.
Se
expomos para a direita, deixamos as áreas de sombra mais claras, mas
temos estouros das áreas claras.
Quem
fotografa em JPEG, tem que se preocupar com o não estouro das altas
luzes, pois geram grandes áreas brancas irrecuperáveis (sem detalhe
algum).
Quem
fotografa em RAW, sabe que pode expor para a direita e vai conseguir
recuperar detalhes das partes claras.
As
configurações de otimização das altas luzes permitem que tenhamos
uma saída JPEG na câmera onde as altas luzes são recuperadas pelo
software que processa a imagem JPEG. Podendo se expor para a direita
quase sem risco de se ter grande estouro das altas luzes. Por isso, é
uma opção interessante para quem está acostumado a fotografar em
RAW e deseja usar o RAW+JPEG para a brincadeira de fingir o uso de
filme.
Finalizando
Configurar
o JPEG na câmera de pode ser uma forma de ter um trabalho bem rápido
para se mostrar fotos na hora. Nada que não possa ser feito com um
bom preset no software que usa para processar seus arquivos RAW.
Mas,
mesmo que fotografe somente em RAW, fazer esses ajustes que influem
somente para a saída JPEG processada na câmera, irá gerar a imagem
em miniatura da visualização da tela da câmera mais próxima do
que se terá num possível tratamento. Por isso que, mesmo não sendo
necessário devido a fotografar em RAW, ajustamos o equilíbrio de
brancos de forma a ter a imagem na tela com cores próximas do que
vemos na cena.
Espero
que esse texto seja útil não só para quem quer experimentar o
“fingir fotografar com filme”. Lembre-se que para fingir o uso de
filme, é muito importante limitar o número de disparos que irá
fazer no passeio e também não olhar a foto após o disparo
(desative o mostrar a foto na tela, leia no manual, sua câmera tem).
Fotografar
dessa forma é um ótimo exercício para se treinar mais atenção na
sua fotografia. Ter a possibilidade um erro ao medir a luz
representar (seu compromisso consigo mesmo) a perda de uma foto que
gostou, nos faz ter mais atenção nas configurações do ajuste da
exposição.
Sugestões
e dúvidas podem ser deixadas nos comentários, respondo na medida do
possível.
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