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2016-02-24

Praticar fotografia” ou “fingindo que está usando filme”


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Esse texto foi revisado e publicado novamente no novo espaço:
- Praticar fotografia fingindo que está usando filme


Recentemente li um ótimo texto, cujo título é “Porque é que a fotografia analógica está na moda?”, em que o autor (quero muito conversar – trocar e-mail – contigo, Ricardo) lança ótimos argumentos (concordo com quase todos e mesmo os que não concordo completamente, acho muito válidos).
Mas, o objetivo aqui não é criar uma conversa pública com o Ricardo (sugiro a leitura do texto dele). O objetivo desse texto é dizer como podemos melhorar nosso conhecimento técnico e, também, melhorar nossa observação do mundo necessária para fazer uma fotografia sem, necessariamente, precisar utilizar uma câmera analógica (de filme) para isso.
Reparem que acho válido que se experimente fotografar com filme e tenha contato com o aprendizado de todo o processo, incluindo revelação e ampliação em papel (principalmente para o preto e branco). Mas esse não é o ponto aqui nesse texto e voltarei a isso em outra oportunidade.
O ponto que a que desejo chegar é: se você já tem uma câmera digital que permite controle manual da exposição, você não precisa, necessariamente, comprar uma câmera analógica e mais objetivas, ir comprar filme (no Brasil pode ser complicado) e, depois de expor seu filme, conseguir um laboratório para revelar e entregar a digitalização dos negativos para você trabalhar no computador.
Já tendo uma câmera digital e não sendo para aprender o processo químico da fotografia (vai deixar um laboratório cuidar disso e te entregar digitalização), não é preciso comprar câmera analógica, procurar filme e laboratório. Você já tem tudo o que precisa para fazer a parte de aprimoramento da fotografia que fotografar como antigamente (com filme) ter obrigaria.
A fotografia analógica nos limitava a alguns rolos de filme e a não ter como ver o resultado imediatamente numa tela. Se é somente isso que te interessa, pode-se muito bem fazer um compromisso consigo mesmo e limitar o número de disparos que fará e, desativando o mostrar a foto, não olhar o resultado na hora (deixar para ver em casa, quando retornar).
Com esse cuidado e compromisso pessoal é possível começar a pensar mais no processo de medição de luz (regular a exposição) e no que se deseja fotografar 9pensar a composição) já no momento de fazer a fotografia. A fotografia, feita dessa forma, passa a ser algo pensado e lento, deixando de ser uma sucessão de tentativas para se escolher uma das (muitas) fotos feitas.
Então basta eu não olhar o resultado e usar o modo manual de regulagem da exposição para começar a ter mais consciência do que estou fazendo para fotografar? Eu penso que sim. Uma limitação, seja imposta pelo meio ou seja auto imposta, pode fazer com que passemos a pensar mais em como fazemos uma atividade.
Agora umas sugestões para se praticar essa forma “velha” de fazer fotografia que, certamente, não será usada quando estiver em algum trabalho encomendado por alguém (seja um ensaio, uma festa, pauta para o jornal/revista ou registros para uma publicação).
Agora, o que eu faço quando estou exercitando a fotografia dessa forma? “Fingindo que estou usando filme”.

Fotografe em RAW+JPEG
Se sua câmera permite (todas as DSLR permitem) configura para fazer as fotos nos dois formatos de arquivos (para cada foto teremos dois arquivos o RAW e o JPEG).
A maioria dos fotógrafos profissionais (eu recomendo que o faça) fotografam em RAW (somete RAW sem o JPEG gerado pela câmera), pois teremos tudo o que a câmera pode entregar disponível para se tratar a imagem e ter o resultado final (a saída para impressão, por exemplo) com a melhora qualidade possível.
Muitos fotógrafos não profissionais (sou amador com muito orgulho) também usam somente RAW e tratam as fotos para gerar a saída que desejam.
Peço que fotografe em RAW+JPEG para que se tenha já um arquivo JPEG que poderá ser visto sem realização de tratamento fora das configurações que se pode obter pelo software da câmera.
A menos que você já tenha um “preset” de tratamento do RAW que usa no seu fluxo de trabalho, usar o JPEG configurado da câmera pode tornar o “fingir que estou usando filme” mais “realista”.
Posso fotografar somente em JPEG? Pode sim, mas se é uma pessoa que costuma fotografar em RAW e sabe o que está fazendo, pode desejar preservar a possibilidade de fazer sua edição se acontecer de ter uma foto que goste muito. Ter o arquivo RAW disponível permite mais poder de controle para gerar uma saída final ao seu gosto.
Não vou me alongar muito na questão de RAW e JPEG, recomendo a leitura dos textos do Ivan de Almeida no “ABC da fotografia RAW”, pena que os textos estão sem as imagens ilustrativas.
Se costuma usar RAW, faça sua foto pensando em RAW não em JPEG. Mesmo fotografando em RAW+JPEG para essa proposta de aprendizado.

Configurando o JPEG na câmera
Alguns pontos importantes para se configurar o JPEG na câmera e se ter resultados interessantes (fotos razoavelmente bem tratadas para se postar na Internet e até fazer impressão no tamanho 30x45 cm – já consegui 40x60 cm e até maior com o JPEG “saído da câmera”) e importantes para a brincadeira de se fazer fotos “fingindo que estou usando filme”, principalmente por se estar usando a exposição manual (modo “M”) na câmera, para esse brincadeira.

Fixe o ISO.
Isso mesmo, escolha o ISO que vai fazer as fotos (se não for na brincadeira de fingindo fotografar com filme, pode modificar o ISO para cada foto).
Escolha o ISO adequado para a quantidade de luz que se tem na cena e que não irá gerar ruído. Em dias de sol, o meu costuma ficar em 200, pois uso uma otimização de altas luzes (explicado mais abaixo).
Quando se fotografa no modo M e não no prioridade de abertura, deixar o ISO no automático vai fazer você ter problemas de ajustar a exposição desejada, pois sua câmera vai poder alterar o ISO para deixar a exposição no meio. Assim, mesmo em uma seja highkey ou lowkey, tenderá a ter a exposição “corrigida” para o meio.
Algumas câmeras (a Canon G1x, por exemplo) não permitem deixar o ISO no automático quando se está no modo de regulagem de exposição manual (modo M).
O ISO automático, só faz sentido para modos de prioridade de tempo ou abertura, onde regulamos o tempo ou a abertura desejada e informamos para a câmera a compensação de exposição desejada.

Defina o Equilíbrio de Brancos.
Todo filme fotográfico em cores (sim, equilíbrio de branco só faz sentido em fotografia colorida, mesmo no digital) é produzido para um certo tipo de iluminação (temperatura de cor).
Então, se está brincado de fotografar como se fosse filme, defina o equilíbrio de brancos para o que seria o tipo de filme a ser usado.
Normalmente fazemos essa brincadeira em dias de sol ao ar livre, assim o modo de configuração que tem o desenho de um sol será interessante. Esse modo de equilíbrio de branco é bem compatível para o que é o equilíbrio de branco da maioria dos filmes em cores, os filmes do tipo sunlight (luz do sol).
É claro que se estiver um dia nublado, pode usar o modo de equilíbrio de branco para nublado, mas pode ter surpresas ao usar esse modo em dias nublados e fotografando em ambiente de sombras de vegetação, obtendo fotos com tom bem esverdeado (experimente e veja se não é melhor usar o daylight, mesmo quando nublado).
Eu costumo não usar o modo automático de equilíbrio de brancos quase nunca e prefiro o modo sunlight em vez do nublado, quando está nublado, principalmente quando estou em ambiente com muita vegetação. O modo nublado deixo para quando é entardecer e quero o meu JPEG bem alaranjado.
Quem fotografa em RAW, sempre pode acertar o equilíbrio de branco depois, no pós processamento, sem problema algum.
Pois, o equilíbrio de branco é uma alteração na forma de processar o que o sensor capturou. Se é um sensor do tipo Matriz de Bayer, ajustar o equilíbrio de branco é acertar parâmetros na Interpolação de Bayer (veja os textos do Ivan de Almeida que estão citados acima).
Mas, como já disse, para a brincadeira de fingir o uso de filme, é legal fotografar em JPEG e especificar o equilíbrio de branco.

Ajuste o Picture Style (Canon) ou o Picutre Control (Nikon)
Esse é outro ajuste que se faz na câmera para se processar a saída em JPEG. Quando se fotografa só em RAW, esses ajustes não fazem nada além de deixar metainformações que o programa de tratamento do RAW poderia utilizar (na pártica nenhum, salvo os softwares que acompanham a câmera, utilizam).
Se você não usa Canon nem Nikon, pode estar se perguntando “minha câmera tem isso?”. Tenho certeza que sua câmera tem, dê uma lida no manual.
Eu uso Canon e as DSLR da Canon tem um botão específico e dedicado para se escolher e configurar o Picture Style. Nas DSLR da Nikon tem que entrar nos menus de opções e encontrar.
As compactas Canon, infelizmente, tem controles mais limitados que o Picture Style e, mesmo as que tem opção de RAW, não oferecem poder fazer RAW+JPEG controlando esse tipo de ajuste (o JPEG não pode ser configurado mesmo que limitadamente quando se fotografar em RAW+JPEG).
Esse ajuste refinado de como o seu JPEG vai sair da câmera, pode ser comparado a se ter um preset de tratamento no software que usa para tratar o seu RAW no computador, exceto que é feito dentro da câmera pelo software que foi produzido pelo (ou para o) fabricante da sua câmera.
Existem alguns livros que ensinam a configurar de forma que o seu JPEG tenha a aparência de uma fotografia feita com algum tipo de filme. Principalmente no que diz respeito as cores.
É nessa opção de ajustes que se pode escolher para que a sua fotografia seja “processada” pelo software da câmera para entregar um JPEG em preto e branco. Tendo ajustes de como esse preto e branco será processado, inclusive simulando filtros de cores (se coloca na frente da lente quando se usa filme PB) ou efeitos de tonalizações (as chamadas viragens dos processos de laboratório de ampliações em papel de fotografias monocromáticas).

Ative algum modo de otimização para altas luzes
Nas DSLR da Nikon (olhei o manual da D7000) temos a opção D-Lighting e nas da Canon (olhei o manual da 7D) temos as opções Auto Lighting Optimizer (creio ser o relacionado ao D-Lighting da Nikon) e o D-Light (otimizador de Tom para altas luzes), que altera o menor ISO para 200 (por isso uso ISO 200 normalmente quando em ambientes de muita luz) e reduz os estouros das altas luzes (tudo o que está acima dos tons de cinza médio estará menos em destaque no JPEG).
Essas configurações evitam que as altas luzes fiquem (dentro de certos limites) estouradas na saída em JPEG, permitindo que se exponha mais para a direita preservando os detalhes nas sombras.
Se expomos para a direita, deixamos as áreas de sombra mais claras, mas temos estouros das áreas claras.
Quem fotografa em JPEG, tem que se preocupar com o não estouro das altas luzes, pois geram grandes áreas brancas irrecuperáveis (sem detalhe algum).
Quem fotografa em RAW, sabe que pode expor para a direita e vai conseguir recuperar detalhes das partes claras.
As configurações de otimização das altas luzes permitem que tenhamos uma saída JPEG na câmera onde as altas luzes são recuperadas pelo software que processa a imagem JPEG. Podendo se expor para a direita quase sem risco de se ter grande estouro das altas luzes. Por isso, é uma opção interessante para quem está acostumado a fotografar em RAW e deseja usar o RAW+JPEG para a brincadeira de fingir o uso de filme.

Finalizando
Configurar o JPEG na câmera de pode ser uma forma de ter um trabalho bem rápido para se mostrar fotos na hora. Nada que não possa ser feito com um bom preset no software que usa para processar seus arquivos RAW.
Mas, mesmo que fotografe somente em RAW, fazer esses ajustes que influem somente para a saída JPEG processada na câmera, irá gerar a imagem em miniatura da visualização da tela da câmera mais próxima do que se terá num possível tratamento. Por isso que, mesmo não sendo necessário devido a fotografar em RAW, ajustamos o equilíbrio de brancos de forma a ter a imagem na tela com cores próximas do que vemos na cena.

Espero que esse texto seja útil não só para quem quer experimentar o “fingir fotografar com filme”. Lembre-se que para fingir o uso de filme, é muito importante limitar o número de disparos que irá fazer no passeio e também não olhar a foto após o disparo (desative o mostrar a foto na tela, leia no manual, sua câmera tem).
Fotografar dessa forma é um ótimo exercício para se treinar mais atenção na sua fotografia. Ter a possibilidade um erro ao medir a luz representar (seu compromisso consigo mesmo) a perda de uma foto que gostou, nos faz ter mais atenção nas configurações do ajuste da exposição.
Sugestões e dúvidas podem ser deixadas nos comentários, respondo na medida do possível.

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